um bigo meu

mas volto...

por vezes, a consciência pesa-nos por coisas que deviamos ter dito ou feito e que, por medo ou comodidade, nos escusámos de dizer, ou fazer. mais cedo ou mais tarde chega-nos a factura. com juros.

a candeia do corpo são os olhos; se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz.

S. Mateus, 6:22

allô allô, daqui das trevas, escuto?

forbiden colours, david sylvian

printemps, alphonse mucha.

foto encontrada por um feliz acaso.
para a rosa, porque hoje nem toda a sorte será demais.

para ti. de quem nunca me esqueço. parabéns

hoje não trago uma única peça de roupa preta.
para bom entendedor, nem uma palavra basta.

... é ir ali almoçar à praia. dia, após dia, após dia, após dia...

descaradamente gamada ao serendipity.

... é percorrer a marginal quatro vezes ao dia.

mentiroso. e linguarudo. e depois vem falar dos outros, que falam demais. ou de menos. ou diferente. ou o que te apetecer. baby get lost...(lá, dó, ré, ré)

há uns anos, a minha mãe levou-me ao médico.

diagnóstico (parcial): aversão à fealdade.
tratamento (parcial): possibilidade de escolher a minha própria roupa.
resultado: aos três anos, andava de jardineiras castanhas e camisola de gola alta... preta.

durante a semana...


... e ao fim de semana.

fui ver o million dollar baby.
sim, só que eu fui com o meu pai...

para o i.,

É tarde, muito tarde da noite,
trabalhei hoje muito, tive de sair, falei com vária gente,
voltei, ouço musica, estou terrivelmente cansado.

(...)

É tarde, devia ter-me deitado mais cedo,
há muito que deveria estar a dormir.
Mas estou acordado com o meu cansaço
e a ouvir música. Desfeito de cansaço
incapaz de pensar, incapaz de olhar,
totalmente incapaz até de repousar à força de
cansaço. Um cansaço terrível
da vida, das pessoas, de mim, de tudo.

É Tarde, Muito Tarde da Noite, de Jorge de Sena

todas vidas por trás dos números... aqui.
liguem o som e ouçam a homenagem às vítimas.

atocha. um ano depois. no al terror

imagem de paco fernández
no más atentados, no más muertes de inocentes

saí para comprar um casaco e uns collants para a maria. voltei com umas socas de camurça para mim.

chamamos ao futuro a sombra de si mesmo,
que o nosso passado projecta à sua frente.

Marcel Proust

hoje só dedicámos minuto e meio ao assunto. não to disse, mas continuo a achar boa (cansativa, mas boa), esta nossa dúvida metódica.

no dia 8 de março lembro-me, antes de mais, da verónica.

ma dove sei che non ti vedo per darti un baccione e gridare «auguri!»?!?

abriu o último Jornal de Letras. «tem uma coisa gira», disse-me. folheou. parou na página 5. passeeio os olhos - à direita, uma coluna com os livros da próxima quinzena. e, em cima das breves...

A festa do Sr. Cinema

a foto é a de um clint eastwood sorridente, empunhando dois óscares perante os fotógrafos.
três quartos de página de texto.
e, no fim, uma assinatura, composta por iniciais:

M.J.M. E R. DA S.

tenho a honra de anunciar, com uns dias de atraso e entre um cof cof e outro, que a ss vai ser mamã. até ordem em contrário, a criatura será tratada por «o bebé».

...ressuscitar de dois dias de molho profundo.

PS: não se aproximem que ainda tenho muita tosse.

o diogo teve uma falta disciplinar. a razão, essa, vinha do colégio, por escrito, pela mão gorducha do miúdo:

Eu chamei "malcriadão do Samouco" ao meu colega.

no meu tempo (e no tempo da mãe do diogo), uma falta disciplinar era uma coisa séria... era uma coisa grave. muito grave.

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca
Quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada, ai

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos
Viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo
Ri do meu umbigo
E me crava os dentes, ai

Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me deixar maluca
Quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba malfeita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita, ai

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios
De me beijar os seios
Me beijar o ventre
E me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo
Como se o meu corpo fosse a sua casa, ai

Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz

Chico Buarque
O meu amor
1977