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sexta-feira, fevereiro 27

mãe sofre... 

«mãe, hoje, sonhei que eu tinha transformado em barbie». a maria é muito loira, com caracóis que lhe caem em cachos até aos ombros. e os olhos azuis, bem abertos, falavam com aquele tom pausado das nossas conversas verdadeiramente sérias.

desta vez não disparei o habitual «a barbie é pirosa» ou «a barbie é possidónia», conforme me dá. desta vez achei que, se tinha sonhado que se tinha transformado em barbie, era um assunto sério que não merecia ser contrariado. «ah... foi?», tentei desvalorizar.

agora, deixar que calçasse aquelas sandálias de plástico cor de rosa, com saltos altos — oferecidas provocatoriamente pela pia, em dia de reis — isso é que não. a barbie estava a exagerar. e que não me volte a chamar «mãe barbie» que eu temo não conseguir responder pelos meus actos!

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segunda-feira, fevereiro 23

procura-se «qué frô» 

«qué frô?». o senhor passava pelas mesas e não se cansava de fazer a mesma pergunta. «qué frô?» mas quando chegou à mesa do CR inibiu-se. afinal, o que se pergunta a dois homens que jantam sozinhos, num restaurante em cascais? em vez da habitual pergunta — «qué frô?» — o raio do homem desatou a mostrar um sem número de objectos barulhentos e brilhantes — milagres da novas tecnologias...

o amigo do CR comprou um anel com uma luz azul e outra encarnada, para oferecer à namorada. o CR, que nunca tinha comprado um anel a ninguém, nem contava faze-lo por não ter ninguém a quem dar, seguiu-lhe o exemplo. «há-de chegar o dia em que tenha alguém a quem oferecer este anel». não pensava numa namorada qualquer. pensava, antes, NA namorada. aquela que lhe trocaria as voltas e o faria entrar no mundo da cumplicidade e da entrega total.

o CR é um tipo simpático. muito simpático mesmo. fala depressa demais, mas é uma boa companhia para qualquer ocasião. embora o considere um bom amigo, a verdade é que não nos conhecemos há anos sem fim. muito pelo contrário. assim sendo, é só de ouvir dizer que lhe posso chamar bom rapaz, em matéria de namoradas. bom demais. afinal — é ele quem o diz — é o típico namorado pré-matrimonial. ou seja, todas (creio que sem excepção) as suas namoradas estavam noivas ou casadas um ano depois de o deixarem. sem pensar muito no assunto, convenhamos que é obra!

no verão passado, no porto santo, a minha prima pia disse-lhe: «daqui a um ano estás casado». ele, com a namorada ao lado, garantiu que não. apostaram. e não é que é ela quem vai ganhar a aposta? em novembro, apaixonou-se ao ponto de oferecer o dito anel. estava guardado há anos. mas ele tiro-o da gaveta e pediu-a em casamento. ela aceitou na hora. no dia de natal, ela pô-lo no dedo, para mostrar a toda a gente. tinham um mês de namoro exacto e não queriam perder mais tempo. nesse dia, o anel tanto circulou que se perdeu.

ela não pára de o procurar. ainda hoje deu a volta à casa — nova — e nada. ele anda inconsolável. ela perdeu o primeiro e único anel que ele jamais comprou. o anel que demorou tanto tempo a oferecer.

eu, que quero continuar a vê-lo assim, feliz por se ter apaixonado, peço: quem encontrar um «qué frô» veja bem se não tem um anel com duas luzes a piscar, uma azul e outra encarnada. se tiver, não o percam de vista que eu saio a correr para comprar o dito anel.

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sexta-feira, fevereiro 20

serendipity 

já fui a dois dicionários e não encontrei a palavra. serendipity — ao que parece, quer dizer «feliz acaso». e, embora não saiba se é esse o título original do filme, é esta a tradução para português. mas isto é o que menos interessa.
ofereceram-me o filme. para a maior parte das pessoas, será um filme lamechas, à  boa moda americana, uma historieta de amor como qualquer outra. para mim e para quem me ofereceu não quer dizer nada disso. é um filme interessante, para quem gosta de descobrir a astrologia. e para quem acredita em almas gémeas.
há dias, emprestei o filme a uma amiga. meti-o no meio de um molho de filmes que levou de minha casa e disse-lhe que era muito giro, que tinha de o ver. foi de propósito... e ela sabe porquê. já tinhamos falado sobre o filme. aliás, quem mo deu pensava que tinha sido ela a primeira a falar daquela história e do que nos trazia, a nós, aprendizes de feiticeira.
a minha amiga ligou-me. tinha visto o filme. ao longo daquela hora e meia e das tantas que se lhe seguiram, o nó não lhe saiu do estomago. quando acabou de o ver, virou-se para o lado e tentou dormir. demorou um bocado... mas nem por isso se virou para o outro lado. e dormiu toda a noite de costas voltadas para o marido. sem uma única palavra.

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que boa surpresa 

hoje de manhã, antes de vir trabalhar, passei pela Barata, ali mesmo ao lado de casa. cirandei, como é meu costume. passei pelas novidades, rondei a poesia, baixei-me para chegar à astrologia. e já estava a caminho da saída quando abrandei o passo. estava numa mesa com muita coisa dispersa. passei os olhos, tacteei... e encontrei! mas que sensação...! «desconhecido nesta morada». conhecia o livro em francês («inconnu à cette adresse»). tinha-me sido emprestado há uns anos. «lê, vais gostar.» de facto, adorei. não vos sei dizer qual é o autor — a autora, porque é uma mulher. sei dizer-vos que vale a pena correr à Barata e comprar o livro (€8). foi escrito em 1938 e proibido na alemanha nazi. e conta a troca de cartas entre dois amigos judeus, sócios numa galeria de arte. um ficou nos estados unidos, o outro voltou para a alemanha. é a história da vida, que continua, diferente, em cada um destes universos.
liguei logo à minha mãe. encomendou-me dois. eu comprei mais dois. um para mim, outro para oferecer.

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quinta-feira, fevereiro 19

tanta coisa... 

antes de ir ver o «lost in translation», o último filme que me tinha levado ao cinema tinha sido o «finding nemo». versão portuguesa, claro. antes deste... nem me lembro. ser mãe tem destas coisas...

se tivesse tempo (e dinheiro), ia ver o «ser e ter», «21 gramas», o woody allen, o «cold mountain», o «mystic river», o «good-bye lenin» (com um bocado de sorte ainda aí está na segunda...). ia ver a exposição do pomar, na fundação vieira da silva (se calhar até já lá nem está). queria-me rir, se tivessem graça, no villaret. queria ver a rapariga com o brinco de pérola — será que conseguiram transpor aquela luz na película?
queria ir dar uma volta. este fim de semana vou ao algarve, mas vou contrariada. preferia ir para a birmânia, a nova iorque ou ali a paris, ver a minha amiga catarina. ou a roma conhecer a federica, que já nasceu há um ano. ou a bruxelas, comer chocolates, gastar dinheiro em BD's e rever a vérô. se não pudesse ir tão longe, não me importava de ir para o cercal e jantar na tasca do celso, ali ao lado.

queria ter disponibilidade mental, para ler os livros todos que fui comprando nos últimos tempos. acabar o quarteto de alexandria, começar a biografia do churchil. devorar os contos que me faltam do mourão ferreira. os corto de que já nem me lembro. e os peter pan do loisel.

fogo. tanta coisa... tão pouco tempo...

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não resisto 

prometo não mandar beijinhos à  minha mãe, ao meu pai, ao meu primo que fez anos, à minha amiga sara que teve um bébé na terça feira, à minha avó que saiu do hospital, e depois à maria, à  ana, à  luísa, à  catarina, ao manel, ao joão, ao luís, à  malta do bairro para-trás-do-sol-posto, à sociedade recreativa de lá longe e a todos os outros de quem me esqueci mas de quem gosto muito. prometo. mas há um... que não resisto. tenho de mandar uma «ganda joka» à minha amiga loira que fez um enorme esforço para sair da casca e me escreveu um comentá¡rio.

também gosto muito de ti, loira. além de tudo o resto, não há ninguém que me consiga fazer rir mais do que tu. ao contrário da outra, sou fã dessa tua gargalhada!!!

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o paulo faz anos 

ficámos todos a saber. o paulo faz anos. mas odeia que se saiba. esforçámo-nos por cantar mal os parabéns, o que fez com que o canto se tornasse tão silencioso que ninguém ouviu. acho justo. se ele não gosta que se saiba, porque é que o teriamos de violentar com o espalhafato?

há quem adore fazer anos e faça gala em dize-lo. quem nasce em dias especiais (natal, fim do ano) costuma ter este defeito. adora ouvir cantar os parabéns vezes sem conta, loud and clear, adora os beijos e abraços... quanto mais festa melhor.

depois, há quem passe o dia como passa por qualquer outro. é o meu caso. claro que gosto que se lembrem, que me liguem e que me dêem presentes. mas gosto que o façam nesse dia, como gosto que o façam noutro dia qualquer. tipo: «tou? olá. lembrei-me de ti. estás bem?». ou «ontem passei por aquela loja indiana e vi uma coisa que era mesmo a tua cara. toma lá, não te gabes». gosto deste tipo de mimos. e gosto de retribuir. mas odeio a obrigatoriedade. a do natal (esta já está tão entranhada que... vá, tem de ser...), a dos anos, a do dia dos namorados ou a das datas dos namorosos, do primeiro encontro, do primeiro beijo, da primeira noite, tarde ou manhã... a dos casamentos ou a do amiganço. sei lá, há data para tanta coisa! há o dia dos avós, o dia do teatro, o do professor... para uns, há o 25 de abril. para outros nem por isso. para estes, será mais importante o dia da casa pia... ainda bem que há dias para todos.

por fim, há quem odeie fazer anos. o meu amigo LMV é dessa raça. a 14 e setembro lá está ele a meter a cabeça na areia e a carregar a neura toda do mundo durante 24 horas. nunca vai trabalhar. agora que é pai talvez tenha mudado... não sei. nunca mais falámos. acho que lhe vou ligar, a dizer que me lembrei dele.


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lição de moral 

eu, pecadora, ouso deixar aqui umas palavrinhas moralistas.

viram, viram? consegui!!! conclusão: podemos sempre desistir, mas apenas temporariamente.

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afinal não desisti 

vou tentar outra vez...

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bigos 

O meu é redondo e metido para dentro. Uma espécie de reservatório, de memória do tempo passado noutro lado, com pouca gente.
Num 30 de junho bem quente, outro bigo nasceu. De um corte horizontal na barriga, de lá saiu uma lombriga e dela se desprendeu com o corte de tesousa. Terá sido a lâmina a ditar-lhe a imagem? É igualmente redondo, mas não tem buraco. É um bigo raso, bem rente à barriga. A sua forma, ou falta dela, não se deverá certamente à  esperteza da bis Maria, que numa gaze escondeu uma moeda e a colou àquele bigo, para ficar mais bonito. A esse truque centenário não se deverá com certeza, porque no meu também foi plantada a moeda... e à  B. também. E temos todas bigos diferentes.
O da B. é o oposto do meu. Sempre redondo — desta nem a moda nos livra — mas metido para fora. Exuberante, vaidoso.

Bigo, bigo meu. Um só destes bigos é meu.

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quarta-feira, fevereiro 18

que se lixe 

estou há horas a tentar perceber como é que se põe comentários aos posts. consegui descobrir algumas coisas, mas aquela que permite abrir uma janela onde aparecem os comentários todos é que não consegui.
não gosto, mas desta vez terá mesmo de ser: desisto! se alguém souber como é que se faz, faça o favor de me mandar um mail.

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será... 

será desta?

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cum caraças 

irrrra!

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teste 

teste

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Agora é que são elas 

E agora... o pânico da folha branca. Mas o que é que se escreve, logo à  cabeça? De fora, parece muito mais fácil. E ontem tinha tantas ideias... a folha branca é tramada.
Começarei pelos agradecimentos — sempre dá para ganhar tempo. Obrigada Pedro, por me pores a escrever sobre outras coisas. E por me teres empurrado para fora de certas horas de preguicite aguda. E obrigada Gabi, a primeira com quem partilhei este espaço, e que me fez passar todas as dificuldades deste mundo infernático.

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